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22 de mar. de 2020

Vida de Cozinheiro durante a pandemia: Receita de Empatia para a Higienização da Alma!

Vida de Cozinheiro durante a pandemia: Receita de Empatia para a Higienização da Alma!


Olá, caro cozinheiro. Espero que esteja tudo bem com você e com seus familiares, amigos e conhecidos. Em tempos difíceis tudo o que desejamos é saúde, não é mesmo? Fazer a nossa parte (que é o básico), de repente, virou a meta de todos. Para alguns, eu me incluo nesse grupo, rezar também voltou a ser um hábito frequente. E, apesar de toda a tristeza, preocupação com as pessoas mais vulneráveis e impedimento de colocar o "nariz para fora de casa" (como diria a mamãe), essa pandemia está me forçando a refletir sobre o que realmente importa.

Não sei se você já passou por isso, mas é a segunda vez que fico trancada em casa. A primeira foi há 10 anos, quando troquei a válvula pulmonar do coração. Passei 30 dias no hospital e depois mais 60 dias em casa, sem poder ver ninguém. Daquela vez foi um pouco mais sofrido porque estava com muita dor e, como não podia ter emoções fortes, mamãe cortou a TV e a internet do meu quarto. Agora a dor é outra: dor pelos familiares dos mortos e por aqueles que não tem a menor condição de seguir os procedimentos de higiene que os profissionais da imprensa não cansam de mostrar. 

Já parou para pensar que os mais vulneráveis podem ser os grandes responsáveis pelo progresso dessa "aldeia global"? Foto: Noupload / Creative Commons / pixabay.com
Sou jornalista e reconheço o comprometimento dos meus colegas com a informação sobre os números e os procedimentos a serem seguidos durante essa pandemia. Aliás, tirar um pouco dos noticiários as manchetes da cotação do dólar, do preço do barril de petróleo e das flutuações das bolsas de valores não deixa de ser um refresco para a mente. Pena que tenha que ser a um preço tão alto. Falando nisso, outro ponto positivo amplamente divulgado pela imprensa é o trabalho em conjunto que vem sendo realizado pelos três Poderes da República. O respeito ao Princípio da Isonomia e Separação dos Poderes, conforme desenhado pela Constituição de 88, se faz fundamental em momentos como esse. Precisamos de um Legislativo, de um Judiciário e de um Executivo fortes para o enfrentamento das duras batalhas dessa guerra e de tantas outras pautas complexas do Estado brasileiro, que agora também estão de quarentena.

Também valorizo a competentíssima condução da crise feita pelo nosso Ministério da Saúde, liderado pelo médico Luiz Henrique Mandetta. E, é claro, bato palmas (até o braço cansar) para o belíssimo desempenho dos nossos profissionais de saúde, muitos pertencentes aos grupos de risco, que não abandonaram o posto em prol de um bem maior que é a saúde dos 220 milhões de brasileiros. Orgulho que também tenho dos cientistas, principalmente os brasileiros, que sempre trabalharam com verbas reduzidas e que estão lá, trancados nos laboratórios, tentando salvar o planeta.

A eminência do fim nos tornam pessoas melhores? Foto: Creative Commons / pxhere.com
Empatia que, infelizmente, ainda não contagiou toda a nação. Para alguns brasileiros a ficha simplesmente ainda não caiu. Estamos no mesmo barco e não importa de qual lado está o furo. Mas ainda tem gente enchendo o carrinho de supermercado com álcool gel que, provavelmente, nem será usado. Eu mesma presenciei isso semana passada. E saí do mercado de mãos abanando. Se fôssemos mais solidários respeitaríamos as placas nas prateleiras restringindo as quantidades de unidades por pessoa de produtos de higiene e da cesta básica. Aliás, se fôssemos mais humanos, nem teria a necessidade dos avisos. Quantos mercados existem em cada esquina desse país? Tem suprimento em número suficiente se todos forem às compras focados na coletividade. A grande dificuldade de muitos brasileiros, inclusive, é outra (e muito mais grave): a de ter dinheiro para comprar o que os supermercados estão vendendo.

Porque é com isso que a gente precisa se preocupar agora: com quem, simplesmente, não tem dinheiro para comprar álcool gel ou produto de limpeza, nem tem rede de esgoto ou água encanada, nem tem carteira assinada e muito menos metro quadrado de sobra para manter a distância de dois metros de seus familiares. Isso sem falar de quem faz das ruas a sua moradia.

Para muitos o mundo é pequeno demais e eles, simplesmente, não cabem nele. Foto: Creative Commons / pexels.com
Que nós vivemos num país (e em um planeta) extremamente desigual todo mundo sabe. Não é novidade para ninguém. Mas parece que agora, num momento de guerra contra um vírus que não escolhe cor de pele, nem sexo, nem endereço, nem conta bancária, preocupar com o todo parece fazer um sentido bem mais concreto. Já tinha ouvido algo parecido quando estive no Japão, em 2017. Perguntei ao meu querido amigo Suzuki porque o japonês era um povo tão solidário. Ouvi um resposta seca e dura: "a guerra nos uniu".

Suzuki estava se referindo à Segunda Guerra Mundial, que é o que a gente entende como "conflito real". Na minha concepção o Brasil vive em guerra há tempos, em diversos campos. Mas a gente, não sei se por egoísmo ou por ignorância, está sempre tratando os problemas do nosso Brasil como "tumulto", "balbúrdia" ou "confusão". Para não enxergar o abismo social que existe entre "nós" e "eles", quem tem dinheiro vai aumentando seu muro e tocando a vida, como se morrer de fome, de frio ou por falta de atendimento em hospital fossem cenários normais.

Unir água e óleo: o grande desafio no enfrentamento dessa pandemia. Foto: Creative Commons / pxhere.com
Mas agora, em tempos de COVID-19, não dá mais para exercitar essa apatia. A pessoa contaminada, e que ainda não apresenta sintomas da doença, pode ter colocado na prateleira do mercado o produto que a gente vai comprar. A pessoa doente pode estar cuidando das nossas crianças e dos nossos idosos. E esse pânico, em certa medida, vai provocando uma transformação boa na vida de todos: a gente passa a olhar além do próprio umbigo e a se preocupar com o outro.

Me emociono ao ver as iniciativas de doação de álcool gel e máscara para pessoas carentes, as aulas e palestras virtuais gratuitas de temas diversos no YouTube e a mobilização nos grupos de WhatsApp para honrar o salário das diaristas ainda que elas não estejam trabalhando. Essas e outras inúmeras atitudes solidárias que estão sendo diariamente reveladas pela imprensa podem parecer pequenas, mas não são. Temos 40% dos trabalhadores desse país exercendo atividades informais e ouvir repetidas vezes esse dado alarmante talvez seja o gatilho que faltava para começarmos a discutir esse importante problema da nação. 

Todos nós somos importantes nessa rede chamada "humanidade". Foto: Unclelkt / Creative Commons / pixabay.com
Cresci ouvindo do meu pai, que sempre fez questão de investir o dinheiro abrindo empresas e empregando pessoas, que o trabalho nos confere dignidade. Por que não querer para todos um trabalho decente, bem remunerado e amparado pelas leis? Também aprendi em casa, com a mamãe, que devemos desejar para o outro aquilo que queremos para nós. Claro, não sou santa e nem perfeita. Mas procuro viver assim. Fazer esse blog, inclusive, ainda que eu não ganhe dinheiro algum e tenha que dedicar várias horas da minha semana aos textos, é parte desse meu projeto de vida.

Falando em família, não sei se está acontecendo com você, mas eu nunca conversei tanto com os meus pais e com os meus irmãos (especialmente com a Fabi) quanto estou conversando agora. Falava com o Adaid uma vez por semana. Agora, toda manhã, ele manda mensagem perguntado se eu estou bem. Com a mamãe passei a falar por chamada de vídeo. Moro há 7 anos em Brasília e nunca tinha feito uma ligação assim para a dona Ana. Mas parece que agora vê-la, já que eu não poderia tocá-la nem se tivesse em BH, se tornou algo essencial para o meu bem-estar.

Mãe, pai, irmãos, madrastas, marido e cunhado. Família, nosso bem mais precioso. Sempre! Saudade imensa dessa turminha linda que eu amo mais que tudo nesse mundo.
É o mal fazendo o bem. Porque sim, tudo tem dois lados. E o ruim, na maioria das vezes, é o que nos faz crescer. Que saibamos, então, passar por isso com sabedoria, inteligência e humanidade. Aproveitando o tempo para cuidar do que realmente importa. E treinando o nosso coração para enxergar o outro, principalmente aquele outro que não conhecemos. Ser solidário faz bem para a alma. Não é brega acreditar que o bem vence o mal (como dizia o Gorpo, do desenho animado He-Man), que só o amor constrói (como pregava o grandioso Papa João Paulo II) e que a união faz a força (como falava a minha amada vovó Neném).

Sabe, caro leitor, se o post de hoje tivesse som a trilha sonora desse seria "O dia em que a Terra parou", do saudoso Raul Seixas. A música é de 1977, mas parece que foi composta na semana passada. Não sei se você conhece a letra, que começa assim: "Essa noite eu tive um sonho de sonhador. Maluco que sou, eu sonhei com o dia em que a Terra parou. Com o dia em que a Terra parou. Foi assim, no dia em que todas as pessoas do planeta inteiro resolveram que ninguém ia sair de casa, como que se fosse combinado em todo o planeta. Naquele dia, ninguém saiu de casa, ninguém, ninguém".

O esforço no combate ao coronavírus precisa ser de todos para evitar que um grupo fique sobrecarregado. Foto: CJMM / Creative Commons / pixabay.com
Espero, de coração, que essa música volte a ser só uma canção apocalíptica de um cara genial. Que ela deixe de ser a melodia aterrorizante da vida de todo o planeta. Até lá, se cuide. Faça a sua parte, principalmente nessa sua Vida de Cozinheiro. Para te ajudar a combater essa pandemia deixo aqui os links de algumas páginas antigas desse blog sobre noções de higiene na cozinha estabelecidas pela Vigilância Sanitária e que devem ser seguidas em tempos de guerra e de paz.

HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS E DOS ANTEBRAÇOS

HIGIENIZAÇÃO DAS FRUTAS, LEGUMES E HORTALIÇAS

COZINHA SEMPRE LIMPA

COZINHEIRO SAUDÁVEL

TÉCNICAS DE CONGELAMENTO DE LEGUMES E FRUTAS

ARMAZENANDO OS ALIMENTOS NA GELADEIRA

CARTILHAS SOBRE ALIMENTOS E BOAS PRÁTICAS NA COZINHA

Também vale das uma olhadinha nas receitas. São saborosas e bem fáceis de fazer. Quem sabe você se anima e passa a cozinhar de maneira ainda mais saudável? Qualquer dúvida, entre em contato comigo por e-mail, Facebook ou Instagram. Será um prazer ajudá-lo. Tamo junto.

Foto da Capa: foto do globo terrestre - pxfuel.com / Creative Commons Zero CCO (modificada por Mari Bontempo) // foto do coronavírus - U.S. Departament of State.

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  1. Respostas
    1. Ei, Lúcia! Tudo bem? Muito obrigada pelo elogio e por sua audiência. O Vida de Cozinheiro realmente é uma parte importante dessa minha vida de jornalista. Levar informação de qualidade é uma das maiores alegrias que tenho. E saber que estou sendo lida e elogiada é uma felicidade. Valeu mesmo. Fique com Deus. Se cuida. Grande abraço.

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