Olá, caro cozinheiro. Espero que esteja tudo bem com você e com seus familiares, amigos e conhecidos. Em tempos difíceis tudo o que desejamos é saúde, não é mesmo? Fazer a nossa parte (que é o básico), de repente, virou a meta de todos. Para alguns, eu me incluo nesse grupo, rezar também voltou a ser um hábito frequente. E, apesar de toda a tristeza, preocupação com as pessoas mais vulneráveis e impedimento de colocar o "nariz para fora de casa" (como diria a mamãe), essa pandemia está me forçando a refletir sobre o que realmente importa.
Não sei se você já passou por isso, mas é a segunda vez que fico trancada em casa. A primeira foi há 10 anos, quando troquei a válvula pulmonar do coração. Passei 30 dias no hospital e depois mais 60 dias em casa, sem poder ver ninguém. Daquela vez foi um pouco mais sofrido porque estava com muita dor e, como não podia ter emoções fortes, mamãe cortou a TV e a internet do meu quarto. Agora a dor é outra: dor pelos familiares dos mortos e por aqueles que não tem a menor condição de seguir os procedimentos de higiene que os profissionais da imprensa não cansam de mostrar.
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Já parou para pensar que os mais vulneráveis podem ser os grandes responsáveis pelo progresso dessa "aldeia global"? Foto: Noupload / Creative Commons / pixabay.com |
Também valorizo a competentíssima condução da crise feita pelo nosso Ministério da Saúde, liderado pelo médico Luiz Henrique Mandetta. E, é claro, bato palmas (até o braço cansar) para o belíssimo desempenho dos nossos profissionais de saúde, muitos pertencentes aos grupos de risco, que não abandonaram o posto em prol de um bem maior que é a saúde dos 220 milhões de brasileiros. Orgulho que também tenho dos cientistas, principalmente os brasileiros, que sempre trabalharam com verbas reduzidas e que estão lá, trancados nos laboratórios, tentando salvar o planeta.
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A eminência do fim nos tornam pessoas melhores? Foto: Creative Commons / pxhere.com |
Porque é com isso que a gente precisa se preocupar agora: com quem, simplesmente, não tem dinheiro para comprar álcool gel ou produto de limpeza, nem tem rede de esgoto ou água encanada, nem tem carteira assinada e muito menos metro quadrado de sobra para manter a distância de dois metros de seus familiares. Isso sem falar de quem faz das ruas a sua moradia.
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Para muitos o mundo é pequeno demais e eles, simplesmente, não cabem nele. Foto: Creative Commons / pexels.com |
Suzuki estava se referindo à Segunda Guerra Mundial, que é o que a gente entende como "conflito real". Na minha concepção o Brasil vive em guerra há tempos, em diversos campos. Mas a gente, não sei se por egoísmo ou por ignorância, está sempre tratando os problemas do nosso Brasil como "tumulto", "balbúrdia" ou "confusão". Para não enxergar o abismo social que existe entre "nós" e "eles", quem tem dinheiro vai aumentando seu muro e tocando a vida, como se morrer de fome, de frio ou por falta de atendimento em hospital fossem cenários normais.
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Unir água e óleo: o grande desafio no enfrentamento dessa pandemia. Foto: Creative Commons / pxhere.com |
Me emociono ao ver as iniciativas de doação de álcool gel e máscara para pessoas carentes, as aulas e palestras virtuais gratuitas de temas diversos no YouTube e a mobilização nos grupos de WhatsApp para honrar o salário das diaristas ainda que elas não estejam trabalhando. Essas e outras inúmeras atitudes solidárias que estão sendo diariamente reveladas pela imprensa podem parecer pequenas, mas não são. Temos 40% dos trabalhadores desse país exercendo atividades informais e ouvir repetidas vezes esse dado alarmante talvez seja o gatilho que faltava para começarmos a discutir esse importante problema da nação.
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Todos nós somos importantes nessa rede chamada "humanidade". Foto: Unclelkt / Creative Commons / pixabay.com |
Falando em família, não sei se está acontecendo com você, mas eu nunca conversei tanto com os meus pais e com os meus irmãos (especialmente com a Fabi) quanto estou conversando agora. Falava com o Adaid uma vez por semana. Agora, toda manhã, ele manda mensagem perguntado se eu estou bem. Com a mamãe passei a falar por chamada de vídeo. Moro há 7 anos em Brasília e nunca tinha feito uma ligação assim para a dona Ana. Mas parece que agora vê-la, já que eu não poderia tocá-la nem se tivesse em BH, se tornou algo essencial para o meu bem-estar.
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Mãe, pai, irmãos, madrastas, marido e cunhado. Família, nosso bem mais precioso. Sempre! Saudade imensa dessa turminha linda que eu amo mais que tudo nesse mundo. |
Sabe, caro leitor, se o post de hoje tivesse som a trilha sonora desse seria "O dia em que a Terra parou", do saudoso Raul Seixas. A música é de 1977, mas parece que foi composta na semana passada. Não sei se você conhece a letra, que começa assim: "Essa noite eu tive um sonho de sonhador. Maluco que sou, eu sonhei com o dia em que a Terra parou. Com o dia em que a Terra parou. Foi assim, no dia em que todas as pessoas do planeta inteiro resolveram que ninguém ia sair de casa, como que se fosse combinado em todo o planeta. Naquele dia, ninguém saiu de casa, ninguém, ninguém".
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O esforço no combate ao coronavírus precisa ser de todos para evitar que um grupo fique sobrecarregado. Foto: CJMM / Creative Commons / pixabay.com |
Espero, de coração, que essa música volte a ser só uma canção apocalíptica de um cara genial. Que ela deixe de ser a melodia aterrorizante da vida de todo o planeta. Até lá, se cuide. Faça a sua parte, principalmente nessa sua Vida de Cozinheiro. Para te ajudar a combater essa pandemia deixo aqui os links de algumas páginas antigas desse blog sobre noções de higiene na cozinha estabelecidas pela Vigilância Sanitária e que devem ser seguidas em tempos de guerra e de paz.
HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS E DOS ANTEBRAÇOS
HIGIENIZAÇÃO DAS FRUTAS, LEGUMES E HORTALIÇAS
COZINHA SEMPRE LIMPA
COZINHEIRO SAUDÁVEL
TÉCNICAS DE CONGELAMENTO DE LEGUMES E FRUTAS
ARMAZENANDO OS ALIMENTOS NA GELADEIRA
CARTILHAS SOBRE ALIMENTOS E BOAS PRÁTICAS NA COZINHA
Também vale das uma olhadinha nas receitas. São saborosas e bem fáceis de fazer. Quem sabe você se anima e passa a cozinhar de maneira ainda mais saudável? Qualquer dúvida, entre em contato comigo por e-mail, Facebook ou Instagram. Será um prazer ajudá-lo. Tamo junto.
Foto da Capa: foto do globo terrestre - pxfuel.com / Creative Commons Zero CCO (modificada por Mari Bontempo) // foto do coronavírus - U.S. Departament of State.
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Amei!
ResponderExcluirEi, Lúcia! Tudo bem? Muito obrigada pelo elogio e por sua audiência. O Vida de Cozinheiro realmente é uma parte importante dessa minha vida de jornalista. Levar informação de qualidade é uma das maiores alegrias que tenho. E saber que estou sendo lida e elogiada é uma felicidade. Valeu mesmo. Fique com Deus. Se cuida. Grande abraço.
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