Pão é lanche que sempre agrada. Enfeitado, então, vira festa! E se for redondo, ainda fica com cara de pizza! A pizza de pão sírio é uma das receitas preferidas da Fabiana Bontempo, a minha irmã cervejeira. Hoje a saudade dela apertou e eu resolvi escrever sobre a história dessa delícia aqui.
O ingrediente básico dessa falsa pizza é o pão sírio, bastante popular em terras tupiniquins. Conhecido também como pão árabe ou pão pita, essa massa redondinha feita de farinha de trigo e água vem do Oriente Médio.
O disco se difere de outros pães redondos por ser achatado e possui duas folhas de massa unidas pelas extremidades, formando uma espécie de envelope. O pão sírio é o que mais se aproxima do pão ázimo descrito na Bíblia e é um dos mais antigos da história da panificação mundial.
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Pão árabe ou pão pita, uma delícia que deu origem à pizza. Foto: Gilabrand / Commons.wikimedia.org |
Aliás, não sei se você sabe, mas o pão foi o primeiro alimento produzido pelo homem. Antes dele nos alimentávamos do que encontrávamos na natureza. Coletávamos frutas e caçávamos animais. Mas juntar elementos comestíveis e criar algo novo foi uma “arte” que se deu a partir do pão.
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Fabricar o próprio alimento foi uma evolução importante na história da alimentação humana. Foto: Jon Sullivan / Commons.wikimedia.org |
De acordo com arqueólogos, há 12.500 anos antes de Cristo, já fazíamos essa delícia. Restos de exemplar achatado, que comprova esse fato, foram encontrados junto à uma fogueira de pedra na Jordânia.
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Os pedaços carbonizados do pão estavam dentro desse buraco, no sítio arqueológico de Shubayqa 1, na Jordânia. Foto: Alexis Pantos / Universidade de Copenhagen - divulgação. |
Com o passar do tempo alguém teve a brilhante ideia de tritura-lo usando pedras, transformando-o em farinha que era misturada ao fruto do carvalho e à água. Essa massa era exposta ao sol para secar sobre pedras quentes ou era enterrada debaixo de cinzas.
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Árabes beduínos fazendo e assando pão. Foto: Florian Prischl / Commons.wikimedia.org |
A produção do pão macio a partir do trigo cultivado também é mérito dos egípcios e só foi possível a partir da descoberta da fermentação por volta de 2600 a.C..
O processo químico provavelmente se deu “por acaso”. Alguém esqueceu de comer um pedaço dessa massa feita de trigo e água e a preparação começou a “ganhar vida”, liberando gases e se tornando mais macia e agradável ao paladar.
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Pão triangular encontrado no templo de Deir el-Bahari ou templo de Hatchepsut, um dos mais belos do Egito. Peça datada de 2010 a 1998 a.C.. Foto: Museu de Belas Artes de Boston / divulgação. |
A partir daí os egípcios começaram a estudar o “milagre” e acabaram, provavelmente depois de muitos testes, misturando parte de uma massa fermentada com outra fresca. Assim, “inventaram” o fermento. Mas foram os gregos que, mais de 2.000 anos depois, desenvolveram a arte da panificação a partir do aperfeiçoamento dos fornos.
Aliás, em se tratando de comida, os gregos foram pioneiros em vários ramos. Os sábios da Grécia Antiga já consideravam a alimentação a melhor maneira de combater doenças e promover a saúde do corpo e da alma.
Esses conhecimentos foram adquiridos pelos romanos uns 300 anos depois, no século II a.C., quando o Império Romano conquistou o sul da Península Balcânica, local em que a civilização grega se desenvolveu desde o século VIII a.C.. Com os helenos os gregos aprenderam, além de ideias, o ofício da panificação. Com o tempo, acrescentaram seus conhecimentos e desenvolveram a indústria das padarias.
Aliás, em se tratando de comida, os gregos foram pioneiros em vários ramos. Os sábios da Grécia Antiga já consideravam a alimentação a melhor maneira de combater doenças e promover a saúde do corpo e da alma.
Esses conhecimentos foram adquiridos pelos romanos uns 300 anos depois, no século II a.C., quando o Império Romano conquistou o sul da Península Balcânica, local em que a civilização grega se desenvolveu desde o século VIII a.C.. Com os helenos os gregos aprenderam, além de ideias, o ofício da panificação. Com o tempo, acrescentaram seus conhecimentos e desenvolveram a indústria das padarias.
É dessa mesma época a primeira escola para padeiros, criada em Roma, e a primeira associação oficial de panificadores, também fundada na capital italiana. É desse período histórico, inclusive, que surge a expressão “pão e circo”, no qual o alimento e as lutas de gladiadores eram esmolas para acalmar os trabalhadores sedentos de direitos fundamentais.
O retrocesso foi tão grande que na Idade Média só castelos e conventos possuíam padarias.
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A base da pizza é um pão sírio. Foto: Pxhere.com / CreativeCommons.org |
Mais de mil anos depois, durante a Idade Média, os turcos muçulmanos também adotaram este costume. Os recheios tradicionais deles eram carne de carneiro e iogurte fresco.
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Vai uma pizza quentinha aí? Foto: Pxhere.com / CreativeCommons.org |
Os Cruzados, como eram chamados, até conseguiram conquistar Jerusalém em 15 julho de 1099 mas a “alegria” não durou nem dois séculos.
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"Tomada de Jerusalém", quadro do pintor francês Émile Signol, parte da coleção permanente exposta no Palácio de Versalhes, na França. |
Por fim, depois de oito Cruzadas, como em toda guerra, ninguém ganhou. Só a gastronomia ocidental. Isso porque, em uma dessas viagens, o hábito turco de rechear o topo do pão sírio acabou vindo na mala dos soldados cristãos, chegando ao Velho Mundo pelo porto de Nápoles no século XI. Lá, os italianos incrementaram a prática, acrescentando queijo muçarela à cobertura do disquinho.
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Queijo muçarela na pizza é uma invenção italiana. Foto: Pxhere.com / CreativeCommons.org |
Foi lá em Nápoles também que a iguaria foi batizada de “pizza”. Ninguém sabe se o nome é referência ao termo germânico “bizzo”, que significa algo como “bocado” ou se veio do grego “pita”, a outra nomenclatura do pão sírio.
Fato é que daí em diante foi só alegria. As conquistas territoriais impulsionaram a troca de culturas, ingredientes e receitas. Com a “descoberta” da América Andina pelos espanhóis, no início do século XVI, o tomate virou molho e se tornou ingrediente praticamente indispensável à pizza.
Pronto. Estava consolidada a receita da pizza que conhecemos atualmente. O que mudou foi só a massa. O disquinho ficou maior e massa mais grossa. Se bem que ultimamente ando provando pizzas com a base cada vez mais fininha e crocante, bem parecidas com a pizza de pão sírio da Fabi.
Então, depois de toda essa incrível história, bora usar os disquinhos turcos para deixar seu lanche ainda mais feliz? Aqui em casa, a iguaria faz o maior sucesso! A receita é o que você confere na postagem da semana que vem. Até lá!
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Ótimo conteúdo, parabéns
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