O mês das crianças já está no finalzinho mas sempre é tempo de refletir sobre o tema. Ando cada vez mais assustada com o comportamento delas no supermercado. Moro em cima de um e vejo, quase todo dia, os pequenos dando birra para os pais comprarem produtos processados e ultraprocessados que nem deveriam ser considerados alimentos.
E o pior: eles estão, literalmente, ganhando no grito. Não sei você, mas eu sou de uma época na qual a gente tinha que negociar com a mãe as guloseimas que ganharíamos na tão esperada “compra do mês”.
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No Prado, em Belo Horizonte, com minha amada "dona Ana". |
Era uma bandeja de Danoninho, um chocolate pra cada uma e olhe lá. E aquilo tinha que durar os próximos trinta dias. Se comêssemos tudo de uma vez, só no próximo salário da mamãe.
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O Danoninho entrava na brincadeira e era bom demais! |
Segundo uma pesquisa realizada pela Viacom e divulgada pelo blog "Projeto Criança e Consumo" do Instituto Alana, 73% dos pais pedem opinião dos filhos na hora de comprar um produto, seja este infantil ou não. Um número que só aumenta.
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As crianças acabam decidindo mais do que os pais podem imaginar. Foto: Thinkpanama / Creative Commons. |
A babá eletrônica, que domina grande parte dos lares no país, despeja um universo infinito de imposições (que os publicitários preferem chamar de possibilidades) e transformam aquelas "fofuras" em consumidores compulsivos. Dispostos a consumir de tudo: de bala a celular.
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Criança + TV é algo que merece atenção especial. Foto: Donnie Ray Jones / Flickr / Creative Commons. |
Nesse “mundo contemporâneo globalizado” já não basta levar o lanche para a escola. Tem que ser um alimento altamente processado (tipo aqueles bolinhos com gosto de remédio, com algum personagem de desenho animado na embalagem).
E esse “lanchinho” ainda tem que ser colocado numa merendeira top. Eu mesma parei de contabilizar os modelos caríssimos do Ben 10 e das Princesas que vejo à venda. Na minha época a mais legal era a de lata, com a estampa da Mulher Maravilha ou do Super Homem.
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Incentivar as crianças a gostarem de comprar frutas pode ser uma boa ideia. Foto: VidaEscola.com |
Detalhe: realmente me sentia o máximo com aquela merendeira amarela! E tenho quase certeza que os meninos se sentiam assim também.
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Saudade do tempo em que minha única preocupação era com o que estava dentro da lancheira. Foto: Collectorsweekly.com |
E é por isso que até o judiciário está dando respostas duras e corretas em relação à publicidade infantil. Em 2016 o Superior Tribunal de Justiça, em decisão histórica, considerou ilegal venda casada de biscoito recheado + relógio de personagem.
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Publicidade abusiva condenada pelo STJ. Foto: ComunicaQueMuda.com.br |
O relato impressiona pela influência que a marca Nestlé exerce sobre a população de baixa renda que vive nas áreas mais isoladas do país. Aliás, a matéria também revela que o exército de vendas diretas faz parte da nova estratégia da indústria alimentícia.
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Vendedoras da Nestlé em Fortaleza, no Ceará. Foto: William Daniels / New York Times. |
E o “poder de sedução da embalagem bonita”, vem transformando em obesa uma população que, há apenas uma década, lutava para não morrer de fome.
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Embalagens coloridas acabam atraindo a atenção das crianças. Foto: CriancasDoces2012.blogspot.com |
De crianças raquíticas, visivelmente famintas, temos agora meninos e meninas rechonchudos e, arrisco dizer, até mais doentes. Isso porque, de acordo com os especialistas, diabetes e doenças do coração, que estão diretamente relacionadas à obesidade, também atingem crianças e jovens.
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Não desista. Sempre é tempo de mudar os hábitos alimentares da criança. Foto: Empresa Brasil de Comunicação / divulgação. |
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