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14 de abr. de 2018

Alimentos Transgênicos: bons ou ruins?

Alimentos Transgênicos: bons ou ruins?


Se você vem acompanhando as matérias do Vida de Cozinheiro sobre alimentos transgênicos já percebeu que o assunto é complexo.

Pois é, desde o plantio da primeira semente de soja transgênica no país, em 1998, até a criação do símbolo que identifica o transgênico na embalagem dos produtos alimentícios muito se falou sobre o tema.

E a briga de cachorro grande entre políticos, cientistas, ambientalistas e empresários está longe de ter um final feliz. Mas, e pra gente, o que  a inserção do símbolo na embalagem dos produtos ou a ausência dele representa de fato?

Esse símbolo no rótulo é ou não importante? Foto: paranaportal.uol.com.br
E mais, consumir alimentos geneticamente modificados é ou não prejudicial à saúde? É aí que reside o "X" da questão: ninguém sabe. Principalmente porque é um campo muito novo.

Quem defende o avanço dos transgênicos usa a variável do aumento da população mundial da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação para chancelar a ideia. O argumento apresentado pela FAO revela, de fato, uma projeção assustadora: até 2050 seremos 9,6 bilhões de pessoas no planeta.

Por conta dessa explosão populacional, levando em consideração as áreas reservadas para plantio, seria necessário um aumento de 70% do total dessa terra cultivável. Assim, segundo os defensores dos OGMs, o alimento transgênico, que é mais resistente à pragas, seria o "pulo do gato" para conseguirmos alimentar todo mundo.

Defensores dos OGMs usam o aumento populacional como justificativa para o plantio. Foto: blogdrconsulta.com
Mas nem todos pensam assim. Segundo os cientistas, o consumo exagerado de alimentos transgênicos pode potencializar o desenvolvimento de doenças como o câncer. Ainda de acordo com especialistas, a produção de transgênicos em larga escala pode se tornar uma ameaça à biodiversidade por conta da evolução das super pragas.

Um estudo publicado, em 2013, na revista científica norte-americana "Nature Biotechnology" mostra que já existem, pelo menos, cinco tipos de insetos resistentes às toxinas produzidas pelas plantas geneticamente modificadas. O número parece pequeno mas, em 2005, havia apenas um inseto mutante.

As larvas dos insetos que atacam o milharal são resistentes. Foto: sustainablepulse.com
O Instituto Nacional do Câncer (INCA), órgão do Ministério da Saúde, também já se posicionou publicamente contrário ao uso das sementes transgênicas em território nacional. O documento, publicado no site da instituição em 2015, é uma prova de que o governo brasileiro nem sempre foi a favor dos transgênicos no país.

De acordo com o INCA "a liberação do uso de sementes transgênicas no Brasil foi uma das responsáveis por colocar o país no primeiro lugar do ranking de consumo de agrotóxicos", substâncias consideradas pela entidade como sendo cancerígenas.

Agrotóxico: veneno ou preventivo? Foto:creativecommons.org / pxhere.com
O problema é que as especulações sobre transgênicos e agrotóxicos são muitas e, a maioria delas, assustadoras. De acordo com Stephanie Seneff, especialista em inteligência artificial e pesquisadora americana do MIT, o glifosato (pesticida normalmente usado em conjunto com variedades transgênicas da companhia Monsanto) tornaria "metade das crianças autistas até 2025".

Verdade ou não, fato é que a Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC) decidiu incluir o glifosato em sua Lista A2 de "prováveis causadores de câncer em seres humanos". A categoria está abaixo da Lista 1, que é a dos cancerígenos confirmados, como o tabaco.

Doutora Stephanie Seneff alerta sobre o perigo dos agrotóxicos para a saúde humana. Foto: reset.me
Tá, eu sei, "pode" não é o mesmo que "'vai". E projeções, até se concretizarem, mesmo que embasadas cientificamente, são só previsões. Ainda assim, os gurus da alimentação saudável, (aí não posso deixar de citar Jamie Oliver, que pode não ser cientista, mas é um grande pesquisador, defensor e propagador da causa) recomendam, incisivamente, que optemos por produtos orgânicos, ou seja, livre dos agrotóxicos e da bioengenharia.

E , neste campo de batalha, também comungo da opinião dos ativistas, que conseguem ir além. Um deles é a a física indiana Vandana Shiva, considerada a inimiga número 1 dos transgênicos. Em 2013, Shiva, durante visita ao Brasil,  falou ao portal da Folha de São Paulo.

Vandana Shiva é considerada a inimiga número 1 dos transgênicos. Foto: Frank Schwichtenberg / commons.wikimedia.org
Na entrevista, ela enfatizou a importância do fortalecimento da agricultura familiar como a a única capaz de reverter o quadro da fome no mundo.

Shiva destacou, ainda, a existência do que ela chamou de "ditadura do alimento", onde poucas e grandes corporações (Cargil e Monsanto: sementes, Nestlé e Pepsico: processamento , Walmart: distribuição) controlam toda a cadeia produtiva.

De acordo com Vandana Shiva é a agricultura familiar que alimenta a população. Foto: snakeriverseeds.com
Segundo Shiva, as pequenas fazendas produzem 80% dos alimentos consumidos no mundo. Em contrapartida, a indústria "planta" commodities porque apenas 10% dos grãos se destinam ao consumo humano.

Ou seja, de acordo com ela, a maior parte das terras cultiváveis do planeta é usada para "alimentar" carros (produção de biocombustíveis) e animais (produção de ração). A agroecologia, neste caso, seria a solução real para o aumento da produtividade agrícola e não a transgenia das sementes.


Ela sugere irmos do industrial e global para o ecológico e local. Quadro que está longe de ser modificado. Para saber mais sobre os as ideias de Vandana Shiva assista "Seed: The Untold Story" . O documentário, de 2016, revela detalhes importantes do avanço dessa agricultura criticada por Shiva.

Em 2014, no Ano Internacional da Agricultura Familiar (declarado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), o Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA), uma organização não governamental apoiada por entidades dos setores público e privado, divulgou um estudo que deixa isso claro.

Mapa dos transgênicos plantados no mundo em 2014. Foto: ISAAA / divulgação.
Em 2014, foram plantados 181 milhões de hectares de variedades transgênicas em todo o mundo. Em um dos mapas desse PDF podemos ver que o Brasil figura em segundo lugar, com 42,2 milhões de hectares cultivados com soja, milho e algodão GM, atrás apenas dos EUA com 73,1 milhões de hectares plantados.

Detalhe: o último estudo da ISAAA, realizado em 2016, aponta que a área plantada com transgênicos diminuiu para 72,2 milhões de hectares. Mas a do Brasil aumentou para 49,1 milhões de hectares. Números que, segundo Shiva, podem e devem ser combatidos.

Para Vandana Shiva o ativismo individual é a solução! Foto: borgenmagazine.com
De acordo com a física indiana, somente o nosso ativismo individual na hora de comprar e/ou consumir os produtos é capaz de combater, de fato, o controle da indústria e de nos proporcionar uma alimentação de qualidade.

E ela "fecha" esse pensamento com uma frase que considero genial: "o que nós comemos decide quem somos". Verdade.

Mas para isso acontecer temos que ter o direito de saber o que estamos comprando e comendo! Afinal, só tomamos decisões sábias a partir de informações, não é mesmo? E é isso o que você confere na última reportagem sobre transgênicos. Não perca! Semana que vem tem mais!

Foto da Capa: Keith Weller / U.S. Department of Agriculture / Creative Commons

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