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10 de mai. de 2017

Paris e a tradicional Opéra!

Paris e a tradicional Opéra!


Sabe o que é o melhor desse universo gastronômico? Estar sempre aprendendo coisas novas! Não existe essa de "sei tudo só porque devorei a bíblia Le Cordon Bleau" ou porque "trabalhei no melhor restaurante" ou porque "comi nas melhores casas do planeta".

Sempre vai ter alguma receita que você nunca viu, algum ingrediente que não provou ou um restaurante ultra-mega-blaster famoso que você, sequer, tinha ouvido falar. E isso é o mais bacana dessa Vida de Cozinheiro!

Foi assim com a torta "Opéra"! Nem sabia que o doce existia, muito menos que era badalado. Pra mim só havia um tipo de "Ópera", sonora e encantadora.

Encantada com tanta delicadeza! Na porta de uma Dalloyau, em Paris.
Até o dia que, assistindo à uma prova de pressão do MasterChef Brasil, a Paola Carosella disse que o desafio do dia seria a tal Opéra, a torta francesa em camadas

Não sou fã de doces. Pelo contrário. Difícil alguém me pegar no flagra comendo chocolate ou leite condensado. Esse tipo de açúcar, definitivamente, não faz minha cabeça.

Sou muito mais um belo carboidrato quentinho, saído do forno. E se tiver que ser doce, só duas preciosidades não dispenso: a torta de morango da mamãe e o pudim de leite da tia Hilda. O resto eu passo. Sem dó.

Não sei você, mas eu adoro as ponderações da Paola Carosella.
Mas aquela torta francesa eu tinha que provar!

Opéra apresentada no MasterChef Brasil.
Tudo porque estava de viagem marcada para a Europa e não podia mais conceber minha passagem por Paris sem incluir no roteiro uma pausa para provar o doce.

Aliás, ter o conhecimento, ao contrário do que se pensa, pode não ser algo tão libertador. Afinal eu sou uma cozinheira jornalista! Como deixar de provar uma das iguarias mais consumidas da capital francesa? E foi o que fizemos. 

Comprando a Opéra da Dalloyau, em Paris.
E aí não seria justo seguir com esse post sem expressão minha gratidão ao meu maridão, o Thiago Inter. Meu amor não só pesquisou e descobriu o melhor Opéra de Paris como fez questão de me levar lá.

Valeu demais, amor! Por esse e por todo incentivo! Sem você minha Vida de Cozinheiro não seria tão bacana

Eu e o Thiago no Château de Versailles. Sem esse maridão, minha Vida de Cozinheiro não seria tão perfeita! Obrigada, amor!
Elogios à parte, depois de nossa visita ao suntuoso Château de Versailles, que é tão ou mais charmoso que o doce em camadas em questão, fomos atrás da “Opéra”. Operação um tanto quanto difícil, por sinal. Estava chovendo, fazendo um frio e, não sei o porquê, o GPS ainda resolveu não cooperar. 

A sorte é que tenho o marido mais fofo do planeta e que, também, estávamos bem quentinhos e elegantes de casaco Fiero. Assim, a via sacra atrás da torta foi bem menos estressante.

Imagine a alegria de ver essa vitrine? Satisfação em saber que eu ai, enfim, provar a Opéra!
Depois de 40 minutos com a sensação de estarmos andando em círculo lá estava ela: a famosa loja parisiense Dalloyau!

Pra quem não sabe (eu não sabia, foi o Thiago que descobriu) a Dalloyau é um dos mais antigos estabelecimentos da capital francesa. Fundada em 1682, a Dalloyau faz chocolates, doces e tortas. Tudo muito bem feito. 

E não foi só a Opéra que fez os meus olhos brilharem não! As delícias da Dalloyau são muitas!
Só teve uma coisa que me incomodou bastante: não pude tirar foto da loja, mesmo explicando ao vendedor que as imagens eram para um site de gastronomia.

Não entendi bem essa política da marca já que eu estava ali para falar bem de um produto. 

Já que não me deixaram tirar fotos dentro da loja, tirei na vitrine...
Enfim, regras são regras. Tiramos, somente, as fotos autorizadas pelo atendente, compramos a Opéra (por 5 euros) e levamos o doce (embalado como se fosse uma jóia) para comer em outro lugar.

Lá até tinha um espaço para lanche mas, como o vendedor restringiu os cliques, achei melhor tirar as fotos bem longe dali. 

A embalagem é tão fofa que deixou a minha expectativa ainda maior!
Fato que aumentou ainda mais minha expectativa em relação à Opéra. Estava ali, desfilando com aquela bela sacola, doida pra provar o conteúdo da pomposa embalagem.

Mas aí, quando finalmente encontramos um café e sentamos para comer a torta, a mágica não aconteceu.

Opéra da Dalloyau: a primeira mordida!
Sério, não foi despeito não. Mas não achei nada demais nessa tal de “Opéra”. E o Thiago, que adora um doce, também não teve vontade de devorá-lo. Normal demais, para o meu gosto.

Opéra da Dalloyau: é bonita e bem feita. E só.
Não sei se tinha criado uma expectativa gigante por conta de tudo o que a Paola tinha falado, mas é só uma torta em camadas. 

Camadas perfeitas. Linda! Saborosa, mas nada do outro mundo!
Bem equilibrada? Sim. Bem feita? Também. Mas não passa disso. É só uma boa combinação de chocolate, creme de manteiga, amêndoas, café e farinha.

Nada que me fizesse andar tanto atrás de um produto. Mas valeu! Sem dúvida! Hoje sei o que é uma Opéra e posso dizer que provei uma das receitas mais consagradas do famoso doce francês. 

Opéra da Dalloyau: servidos?
Outro detalhe (no mínimo curioso) foi o casamento perfeito que fizemos entre os dois programas daquele dia: Château de Versailles e Dalloyau.

Tudo porque Charles, o primeiro Dalloyau e fundador da marca, era, nada mais, nada menos, que o confeiteiro chefe da Corte de Versalhes.

Imponente portão do Château Versailles, em Versalhes, na França.
Na época, 1682, Charles Dalloyau era padeiro no Château de Chantilly e, em uma festa, Luís XIV teve a oportunidade de provar os pães feitos por ele. Reza a lenda que, no mesmo dia, o "Rei Sol" roubou o boulanger de Chantilly e o levou para Versalhes.

E, até a queda da monarquia (provocada pela Revolução Francesa), a família Dalloyau serviu a Corte de Versalhes. Foram, ao todo, quatro gerações de confeiteiros produzindo iguarias para a monarquia francesa.

Tudo bem que eu sou pequena, mas dá uma sacada no tamanho das telas na parede... E esse é só um corredor de Versalhes...
Em reconhecimento ao belo (e delicioso) trabalho prestado os membros da família Dalloyau receberam de Luís XIV o título de "Officier de Bouche", na época, a mais alta distinção concedida aos representantes da gastronomia francesa.

Por conta da distinção, os Dalloyau se tornaram nobres, sendo convidados para todos os eventos oficiais da Corte e podendo até participar das refeições do rei.

O rei almoçava e jantava na mesa atrás desse vidro, sendo admirado pelos membros da Corte sentados nos banquinhos...
Jean-Baptiste Dalloyau, descendente de Charles, foi o último a deixar Versalhes e o responsável por apresentar a marca da família ao mundo.

Três anos após o fim da Revolução Francesa, em 1802, Baptiste abriu a primeira loja Dalloyau em Paris, na Faubourg Saint-Honoré, que, até hoje, é o endereço da principal Dalloyau em Paris.

Jean apostou na vontade crescente da burguesia de imitar o modo de viver da aristocracia e foi além: criou a primeira maison parisiense com um sistema de comida pronta.

Na Dalloyau, desde 1802, os doces são colocados nessas belas caixas, ao fundo, para que o cliente possa levá-los para casa.
Assim, Dalloyau passou não só a vender tudo o que a Corte comia. Jean dava a oportunidade ao burguês de levar para casa toda aquela ostentação.

Dois séculos depois, a Dalloyau é sucesso absoluto, com reconhecimento mundial. Existem, hoje, 40 lojas da marca na França e outras 25 espalhadas pelo planeta, sendo 13 só no Japão.

Admirar a vitrine da Dalloyau, há tempos, não é mais só um privilégio dos franceses...
Com vitrines de dar água na boca (e esvaziar as bolsas! rsrs...) a Dalloyau, atualmente, não é mais administrada pela família. Sem descendentes, em 1949, os Dalloyau passaram o negócio para os Gavillon.

E a Opéra, o famoso doce que motivou esse post foi criado por essa nova gestão. Em 1955, Cyriaque Gavillon, o patissier comandante da Dalloyau, inventou a famosa torta, mundialmente apreciada e copiada!

Opéra: o doce mais famoso da Dalloyau não foi criado pelos Dalloyau...
Ah, e o Château de Versailles, depois da queda da monarquia, também "ganhou o mundo". Em 1837, o símbolo do poder político e econômico da realeza francesa nos séculos XVII e XVIII foi transformado em museu.

Localizado na cidade de Versalhes, a poucos quilômetros do centro de Paris, o luxuoso Palácio possui 700 quartos e cerca de duas mil janelas!

Só de ver esse tanto de janela já dá preguiça de pensar em faxina... Rsrs...
O famoso jardim tem, aproximadamente, 700 hectares, o que equivale ao tamanho de quase seis estádios do Maracanã.

Jardins do Château Versailles. Grandiosidade para além do que a vista alcança!
Só pra você ter uma ideia da grandiosidade, Versalhes começou a ser construído por 30 mil operários no século XVII, sendo inaugurado em 1664, no reinado de Luís XIV. De tão cara, a obra quase secou os cofres franceses.

Afinal, só pelo teto, dá pra se ter uma ideia do tanto de ouro que ficou incrustado lá.

Afrescos e ouro compõem os tetos do Salão da Guerra do Castelo de Versalhes.
Maravilhas que nos deixam ainda mais impressionados com tamanha ostentação.
E a extravagância, literalmente, também desce do teto. No Salão dos Espelhos, os lustres de cristal Baccarat são, pra mim, o ponto alto da visita!

A sala adornada por 375 espelhos, que era o antigo salão de baile do Château de Versailles, possui 17 janelas gigantescas ao longo dos 72 metros de comprimento do local.

Cristal Baccarat, uma das coisas mais belas desse planeta!
Das inúmeras obras de arte é bem difícil citar a mais bela. Mas, dentre os instrumentos, não tenho dúvida: o órgão da Capela Real, localizada quase na entrada do palácio, é o mais belo!

A Chapelle Royale, infelizmente, não está aberta para visitação, mas mesmo de longe dá pra sentir um pouco da paz que emana do espaço onde, diariamente, o rei assistia às 10 da manhã, à Missa do Rei.

O belíssimo Órgão Clicquot, localizado acima do altar da Capela Real, no Château Versailles.
E não é só isso. O Palácio de Versalhes é composto pelo grande palácio e por duas outras construções "menores" que formam o chamado "domínio da Maria Antonieta". 

Um é o Grand Trianon e o outro é o Petit Trianon, que era a "casinha" da Maria Antonieta, a última rainha da França. 

Em Versailles. Ao fundo, o Petit Trianon, a "casinha" da Maria Antonieta.
Atualmente, o espaço é um museu e abriga alguns pertences da esposa de Luís XVI, que, além de inúmeros feitos, entrou para a história por conta da célebre frase: "se o povo não tem pão, que comam brioches". 

A residência de Maria Antonieta fica bem distante do Palácio principal, mas vale a pena conhecer. Pra mim, um dos lugares mais bacanas da casa dela é, obviamente, a cozinha.

Cozinha do Petit Trianon, a casa de Maria Antonieta.
Por falar em cozinha e em pãezinhos, o que poucos sabem é que Maria Antonieta nunca disse a tal frase infame. Aliás, ao conhecer a história dessa rainha um pouco melhor dá para perceber que ela foi um grande mulher. 

Eu, inclusive, te recomendo assistir ao filme "Marie Antoinette", da cineasta Sofia Coppola. O longa, protagonizado por Kirsten Dunst, conta a trajetória da princesa austríaca desde a sua chegada à França até a eclosão da Revolução que culminaria com sua morte.

Vai em Paris? Então não deixe de conhecer Versalhes! A cidade fica bem próxima do centro da capital francesa.
Veja e filme e, assim que puder, visite Versalhes. O castelo, parte importante da história mundial, é sem dúvida um passeio imperdível!

É bem fácil chegar em Versalhes. De metrô, saindo de Paris, são aproximadamente 40 minutos de viagem. Bem pertinho mesmo. Aproveite também para ver o vídeo dessa e de outras aventuras no canal do maridão. E inscreva-se no YouTube do Próximo Embarque.
          

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  1. Incrível! Opéra... conheci o doce, também, através do Masterchef; dia destes o vi sendo preparado em uma competição culinária transmitida pela Discovery h&h - Gosto de doces, logo fiquei com vontade!... mas então, parabéns pelo blog. Cheguei aqui através do Google, pois pretendo iniciar o curso de cozinheiro do Senac/ ES e estava buscando informações - as suas me foram bastante úteis. =)

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    1. Ei, Tatiana! Tudo bem? Muito obrigada! Que bom que você gostou do blog e que eu te ajudei de alguma forma. Não conheço o Senac do Espírito Santo, mas acredito que a proposta desse curso é a mesma em todos os Estados. Eu indico essa formação, com certeza! Principalmente para quem já tem um diploma universitário. Afinal, o que precisamos nessa área (e na vida) é de conhecimento, não de títulos. E a grade curricular desse curso do Senac é bem completa, coerente e assertiva. Espero que você tome a melhor decisão para a sua vida, seja num curso técnico ou numa faculdade. E precisando, conte sempre com a gente. Não gosto e nem tenho muitas receitas de doces aqui, mas sei indicar bons livros... Rsrs... Grande abraço!

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