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27 de jan. de 2017

Gentileza, o melhor tempero parisiense!

Gentileza, o melhor tempero parisiense!


Escrever sobre a boa comida de Paris é, pra mim, chover no molhado. Afinal, quem não gosta de crepe, pães, queijos, macarons, doces folhados, quiches e caldos. Difícil mesmo é não se acostumar com a gastronomia francesa!

E missão impossível é não voltar de Paris com uns quilinhos a mais! Foi assim comigo e, confesso, eu já estava esperando. Mas o que me surpreendeu mesmo foi o assunto de hoje: a gentileza do povo parisiense.

Na França, especialmente em Paris, até pão puro é saboroso!
Nunca tinha ido à França e sempre ouvi falar mal do francês. Muitos dizem que são grossos, arrogantes, frios e impacientes. Bem, isso não foi o que vi durante meus dez dias na Cidade Luz. Pelo contrário. 

São gentis, educados e, a maneira deles (praticando um certo distanciamento), bem atenciosos. Fato que pude comprovar durante o nosso jantar no restaurante La French Guinguette que, ainda com todos os encantos da capital, foi o ponto alto do meu dia. 

La French Guinguette, um delicioso bistrô parisiense que tivemos o prazer de conhecer!

Mini horta de ervas: detalhe que encanta!
Já havíamos andado bastante. Pela manhã, seguindo a dica da nossa amiga Bárbara Nozari, tínhamos percorrido os túneis das Catacumbas de Paris. Nada romântico, eu sei. Mas passeio obrigatório para quem quer saber mais sobre a história da cidade. 

Ao final dos túneis um aviso aos visitantes nos prepara para o que vem a seguir...
Pra quem não sabe, o subsolo de Paris é repleto de túneis. E é lá, a 20 metros do chão, que fica o maior ossuário do mundo! Para ter acesso à esse amontoado de ossos datados, na maioria, do século XVI, basta pagar 12 euros e ter disposição de descer (e depois subir!) 130 degraus de uma estreita escada em espiral.

Detalhe da imagem estilo Rembrant, tirada pelo maridão. Ter fotógrafo profissional em casa é outra coisa!
Nada muito complicado, a não ser para os sem resistência física ou que sofrem de claustrofobia. Eu no caso tenho os dois problemas, mas fui! Não perderia esse tour por nada! E valeu o esforço!

As Catacumbas foram abertas à visitação pública na década de 80 e, do acordo com o governo francês, mais de 6 milhões de pessoas estão enterradas ao longo dos 300 quilômetros de galerias subterrâneas que cortam a capital do país.

Fiquei bastante desconfortável em tirar essa foto. Mas acho importante o registro. E a divulgação.
À tarde caminhamos pela não menos famosa Champs-Élysées até o Arco do Triunfo, na Praça Charles de Gaulle (antiga Praça de I Étoile).

O imponente monumento foi construído por Napoleão Bonaparte, em 1806 em homenagem ao Exército Imperial em ocasião da vitória em uma das mais importantes batalhas já travadas pelo grupo, a Batalha de Austerlitz.

Champs Élysées enfeitada para o tradicional feriado do Dia do Armistício.
O projeto, inspirado na arquitetura romana, é aberto à visitação. Do terraço, a 50 metros do chão, se tem um linda vista panorâmica de Paris. Na base estão o Túmulo do Soldado Desconhecido e um museu que explica a história da construção.

Nós, infelizmente, não pudemos conhecê-lo porque justamente naquele dia era feriado na França (Dia do Armistício, comemorado todo 11 de novembro) e o Arco estava interditado.

De pertinho o Arco do Triunfo é ainda mais belo! Os detalhes das colunas, de inspiração romana, são esplendorosos!
Não deu pra entrar mas rendeu a foto! Tomamos um café na feirinha de natal montada ao longo da avenida e seguimos viagem. Terminamos o dia no passeio obrigatório: Torre Eiffel. Aliás, os parisienses que me desculpem: nada de tão belo.

Visto! Agora eu também conheço o símbolo mais visitado do mundo!
A vista é interessante e Paris, até do alto, fica charmosa. Mas o monumento de ferro (o mais alto de Paris e a atração paga mais visitada do mundo) não mexeu comigo não.

Como não amar Paris? Do alto a cidade é ainda mais bela!
Sou muito mais a Torre de TV de Brasília, onde fui pedida em casamento pelo maridão. Aliás eu sou muito assim: de dar valor ao sentimento. Acho que foi por isso que saí tão encantada do La French Guinguette a ponto de escrever um artigo dedicado exclusivamente à casa! Porque sim, eles merecem!

Afinal já era tarde, umas 7 da noite. Tínhamos acabado de ver o espetáculo das luzes na Torre Eiffel (que acontece, no inverno, por volta das 18:30h), estava chovendo, fazia um frio de 6 graus e nós estávamos morrendo de fome.

Com o maridão, curtindo o espetáculo de luzes da Torre Eiffel.
Foi aí que tive a ideia de pegar o metrô e procurar algum restaurante nas proximidades do Centro Georges Pompidou (ou Beaubourg, como é mais conhecido), o magnífico museu de arte moderna parisiense. Já tínhamos passado por lá eu eu sabia que tinha muita opção de comida boa. 

Detalhe: perto da Torre Eiffel até tem alguns restaurantes mas, pelo fato de estarem ao lado do ponto turístico mais visitado da cidade, todos são absurdamente caros. E nenhum cardápio me chamou atenção suficiente para eu deixar três dígitos de euro lá.

Realmente não entendo quem pega táxi... Metrô em Paris é o transporte mais rápido, barato e eficiente!
Por causa disso pegamos o metrô. Mesmo porque andar de metrô em Paris (e nas grandes capitais do mundo, menos nas brasileiras) é a coisa mais prática do planeta. Em dois tempos você chega ao seu destino.

E foi a escolha certa! Nos arredores do Pompidou é um restaurante ao lado do outro. Boas opções não faltam! E uma, em especial, me ganhou por conta da decoração da fachada: o La French Guinguette!

O quadro na porta do La French Guinguette nos fez entrar!
Nada de muito chique ou refinado. Mas tinha um quadro negro na calçada informando o menu. Adoro entrar nesse tipo de estabelecimento porque, normalmente, quem escreve o cardápio com giz de cera é porque costuma mudá-lo com frequência.

E quem atualiza os pratos com uma certa temporalidade é porque, na maioria das vezes, ama o que faz!

Poucos pratos, preço justo e informado na porta. Detalhes que sempre me fazem entrar em qualquer restaurante!
E é isso que todo bom cozinheiro procura: jantar no restaurante de alguém que ama cozinhar! E eu, realmente, não estava enganada. O La French Guinguette é administrado pelos próprios donos, que cuidam tanto da cozinha quanto do salão com muito zelo.

Um carinho com o cliente admirável nos dias de hoje. Afinal, na era dos fast food, onde o atendente nem olha na sua cara, é surpreendente entrar num lugar que o dono pega o quadro negro da calçada para te explicar, em inglês, o menu.

O dono do bistrô parisiense La French Guinguette nos explicou, em inglês, cada prato do menu! Delicadeza que nos encantou!
Sim, foi esse tratamento que recebemos no La French Guinguette e é por isso que, até agora, estou tão encantada! E é também por isso que vale um post, independente da comida provada e que, por sinal, estava perfeita.

Depois de ouvir a explicação detalhada de todos os pratos do dia eu pedi o tradicional "Blanquette de Veau". Essa receita francesa, originalmente atribuída à região de Lyon, teve a primeira versão escrita e publicada em livro do ano de 1735.

"Blaquette de Veau" do restaurante parisiense La French Guinguette.
Inicialmente era um ensopado de vitela servido apenas como entrada. Mas, a partir de 1945, depois da Segunda Guerra Mundial, ganhou status de prato principal e começou a ser acompanhado de arroz branco.

Já o "Boeuf Bourguignon", a escolha do Thiago e outra famosa iguaria francesa, vem, como o próprio nome diz, da região da Borgonha. Reza a lenda que o "Boeuf Bourguignon" foi inventado no século XV para aproveitar os cortes de carne mais duros, que cozidos na pressão, adquiriam uma textura impressionantemente macia.

O cozimento com o vinho tinto também era uma forma de "roubar no jogo" já que a acidez da bebida eliminava os possíveis odores desagradáveis da carne por conta da má conservação dos produtos na época.

"Boeuf Bourguignon" do restaurante parisiense La French Guinguette.
Não é um prato rápido de se fazer, já que a perfeita cocção da carne leva tempo (horas e horas de fogo baixo). Mas é bem popular na França, sendo que cada cozinheiro faz, normalmente, uma versão do picadinho de carne.

O "Boeuf Bourguignon" também é conhecido dos cozinheiros cinéfilos. No filme Julie & Julia, de 2009, Julia, interpretada pela atriz Amy Adams, prepara a receita. Aliás, se você ainda não viu, o longa é uma verdadeira aula de culinária. Fica a dica!

          

Detalhe: estávamos tão cansados que recusamos o maravilhoso vinho francês (o que é quase um sacrilégio em se tratando de bistrô parisiense). Mas o suco de laranja não comprometeu em nada a harmonização dos pratos. Pelo contrário. Estava perfeito!

Suco de laranja natural do La French Guinguette. Uma delícia!
E a conta foi outra grata surpresa! Achei o preço bem justo! Pagamos 35 euros (+ 5 euros de gorjeta) pelo nosso jantar. O que desbanca a ideia de que comer em Paris é caro. Não mesmo!

Ainda que fazendo a conversão (compramos o euro na época - setembro de 2016 - por 4 reais) nossa refeição saiu por 140 reais. O mesmo valor que pagaríamos jantando num restaurante desse nível aqui em Brasília.

Trinta e cinco euros por um maravilhoso jantar: achei barato!
Agora imagine se a gente ganhasse em euro? É por isso que na Europa a qualidade de vida é maior. Porque tudo é mais justo! Até o preço das coisas. Quem dera se pudéssemos pagar 35 reais num jantar desses. Infelizmente, uma situação inimaginável pra nós brasileiros.

A noite foi tão agradável e o atendimento mexeu tanto com a gente que esse sentimento bom mudou, pra sempre, a minha se visão em relação à capital francesa e, sobretudo, ao parisiense que, pra mim, agora está no topo da lista do povo mais gentil que eu conheço.

E, por mais que eu entre (se Deus quiser eu vou) em outros mil restaurantes na vida, eu nunca vou me esquecer daquela experiência bem sucedida em Paris.

Todos os detalhes desse maravilhoso dia em Paris estão aqui nesse vídeo, produzido em parceria com o portal de viagem PróximoEmbarque.com
            

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