Hoje foi dia de bolinho aqui em casa. Tudo porque a minha querida tia Ilda resolveu começar o ano me ensinando a receita dela que eu mais gosto: Cueca Virada! E eu aproveitei pra ficar na cozinha fazendo outras coisas que também adoro: tirando foto e comendo. Nada melhor, né?
Dá vontade de comer tudo sozinha!
Pois é, tirei o dia para aprender, curtir a família e engordar! E a receita é bem simples: o famoso bolinho da tia nada mais é que o "Bolinho de Chuva" mineiro mais massudo.
Explico: a massa do quitute mineira você joga no óleo quente quase líquida. Já esse bolinho você enrola antes de fritar.
Tia Ilda fez o bolinho e a cozinheira virou fotógrafa...
Uma variação da famosa iguaria que, aqui em Brasília (e em grande parte do país pelo que eu andei pesquisando), todos conhecem como "Cueca Virada".
Eu nunca tinha ouvido essa denominação. Dizem que o nome é por conta do formato tradicional do doce, que cortado em triângulo, faz lembrar uma cueca.
Eu não acho que a dupla trança do bolinho se assemelha à roupa íntima e, pra mim, nem nome e nem formato importam. O que conta mesmo é que esse bolinho é uma delícia!
Ah, outro detalhe: o cueca virada tradicional, consumido durante os festejos de carnaval na Itália, são finos e crocantes.
Grostoli: a origem italiana da nossa Cueca Virada. Foto: UeArtemis/wikipedia.com
Aqui no Brasil a receita do Grostoli, trazida pelos imigrantes italianos no século XIX, foi adaptada de diversas maneiras. Aqui em Brasília, pelo menos, o "Cueca Virada" que encontramos nas confeitarias se parece com um bolinho: fofinho e maçudo. E é desse tipo que a gente faz aqui em casa, ok?
Dica: como estávamos fazendo três receitas fomos dividindo a massa em pedaços menores para facilitar o manuseio. Assim, além de mais pratico, você consegue padronizar o tamanho dos bolinhos.
Dividindo a massa você consegue fazer bolinhos de tamanhos parecidos.
Do jeito que enrolamos (ou melhor que a tia Ilda e a minha prima Raquel enrolaram) cada receita rendeu 60 bolinhos. É muita Cueca Virada! Um lanche fácil e bem barato.
Só tem um porém: segundo a tia Ilda você precisa bater a massa num processador. Não serve liquidificador e nem batedeira. Como não tenho esse equipamento, pegamos a cozinha da minha sogra emprestada.
Todos fomos pra casa dela e foi uma festa! Reunimos a família, jogamos conversa fora e eu aprendi uma receita maravilhosa!
Minha sogrinha, dona Maria, lavando louça. Tia Ilda e minha prima Raquel enrolando os bolinhos.
Sem falar que contei com a ajuda de todos. Até o Thiago entrou na brincadeira no final. Sendo que não pode faltar aqui um agradecimento mais que especial pra minha prima Raquel. Ela foi ao supermercado comigo e ainda ajudou a mãe dela a enrolar a massa. Valeu demais, minha linda!
O outro super obrigada vai pra minha sogra amada! A dona Maria não só cedeu a cozinha como lavou todas as vasilhas sujas. Muito obrigada mesmo sogrinha! Te amo demais!
Obrigada, família! Sem vocês essa "bacia de alegria" não seria uma realidade! Rsrs...
Outro detalhe: como tinha muita gente em casa nesse domingo nós fizemos três receitas. Cada uma delas rende, aproximadamente, 60 bolinhos de tamanho médio. Claro, tudo depende muito do tamanho que você enrola cada pedaço, né?
Lembrando que não é bom deixar nenhuma unidade grande demais porque depois de frita a massa quase dobra de tamanho. Então vamos lá! Para cada receita (+ou- 60 bolinhos) você vai usar:
- NA MASSA:
. 2 ovos
. 12 colheres de sopa de farinha de trigo branca peneirada
. 2 colheres de sopa de açúcar refinado
. 1 colher de sopa de manteiga
. 1 colher de sobremesa de fermento químico em pó
. 1/2 xícara de leite (125 ml)
Atenção: não esqueça de peneirar a farinha!
- NO PREPARO:
. Canela em pó e açúcar refinado para decorar (dispensável)
E fazer a massa é bem simples. Basta adicionar todos os ingredientes no processador e bater.
Farinha, açúcar, ovos, manteiga, leite e fermento.
Colocados todos os ingredientes, basta ligar o processador. Simples assim!
Se você não tiver processador faça igual à sua avó: coloque tudo numa bacia bem grande e misture com as mãos. Parece meio pré-histórico mas, até outro dia, todo mundo fazia assim. Até você se você tem mais de 35 anos.
Essa é a massa ideal da Cueca Virada: elástica e soltinha!
O ponto certo da massa é quando esta forma uma bolinha no processador. E aí, uma dica: se ficar muito mole vá colocando, aos poucos, colheradas de farinha de trigo. E se ficar muito dura (rachada e não elástica) vá pingando leite até chegar no ponto.
Se a massa ficar assim, esfarinhando, é só colocar mais um pouquinho de leite.
Detalhe: nunca use margarina, ok? Porque manteiga é mais saudável! Outra coisa: infelizmente essa é uma receita que contém glúten.
Não sei se ficaria tão saborosa se fosse feita com farinha de arroz. Acho que também não seria uma boa ideia substituir a farinha branca pela integral.
Cueca Virada é uma receita para quem não tem restrição alimentar. Não sei se ficaria tão saborosa com farinha integral...
É uma receita assumidamente calórica. Desenvolvida pra quem não tem nenhuma restrição alimentar e nem está de dieta, ok?
Se você tentar alguma substituição de ingredientes e o bolinho ficar gostoso me avise, por favor! Será um prazer divulgar a variação aqui no Vida de Cozinheiro.
Com a massa pronta vem o mais difícil. Sério, pra mim, sovar não é pra qualquer um não! O bom disso é que você cozinha e já pratica a academia do dia.
Bora fazer ginástica? Sovar a massa, pra mim, é o mais difícil!
E sovar não tem mistério. Não precisa ficar apertando a massa com raiva não. É só garantir que todos os ingredientes estão bem homogeneizados na massa, ok?
De acordo com a tia Ilda, massa boa é a que forma esses buraquinhos!
Dica: se na hora de sovar a mistura tiver grudando um pouco na sua mão é só polvilhar a massa com farinha de trigo peneirada e ir sovando. O ponto certo é quando você sentir que a massa está bem soltinha e que não existe nenhum carocinho nela.
Se a massa ainda estiver grudando é só polvilhar um pouco de farinha de trigo.
Depois de enrolados, basta fritá-los em óleo não muito quente. Cuidado apenas pra não colocar muitos bolinhos de uma só vez na panela. Tudo porque eles crescem bastante durante a fritura.
Dica: numa panela grande como essa dá pra fritar uns 8 bolinhos juntos.
Não coloque os bolinhos no óleo muito quente, ok?
Com pouco tempo de óleo eles já começam a crescer!
E ficam dourados quando já estão prontos!
Outro detalhe importante: não se preocupe, a medida que você for fritando as porções seu óleo vai começar a espumar. Isso é porque a gordura começa a ficar suja. Problema algum. Não precisa trocar o óleo.
Se o óleo espumar não se assuste! É normal.
Usamos quase 1 litro pra fritar tudo e, depois de fria, guardamos essa gordura em um vidro devidamente esterilizado para ser usada em uma nova leva de bolinhos.
Reaproveitar é a palavra de ordem! Esse óleo depois vai virar sabão!
Normalmente eu uso o óleo de fritura mais umas duas vezes e o descarto da forma correta no supermercado mais próximo (não sei se você já percebeu mas muitos estabelecimentos realizam essa campanha de descarte sustentável de vidros, óleo, pilhas).
A tia Ilda faz sabão com o óleo velho dela. Minha avó também fazia essa receita caseira. Eu nunca tentei mas fica a dica! Em vários sites você encontra receitas de sabão caseiro.
Depois de frito, deixe o bolinho descansar no papel toalha.
Garanto: o bolinho vai ficar ainda mais sequinho!
Depois dos bolinhos fritos é só deixá-los no papel toalha por alguns minutinhos e depois passá-los no açúcar e na canela. Eu, pra ser bem sincera, prefiro os bolinhos sem nada. Acho bem mais saborosos!
Eu prefiro comer assim: sem açúcar e sem canela!
Mas como a galera aqui de casa gosta e a ideia era agradas a todos, colocamos. E foi uma festa! O melhor do meu fim de semana: café da tarde em família. Adoro!
Muito obrigada, tia! Agora não esqueço mais a receita! Rsrs... Te amo! Muito!!!
E pra saber mais sobre o ponto e a forma correta de sovar a massa é só assistir ao vídeo da receita. Aproveite e se inscreva no canal do YouTube! Será um prazer ter você também por lá!
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No interior de Minas Gerais ou São Paulo, isso recebe o nome de cochado - torcido, em português caipira, roceiro. Pode ser feito com farinha de trigo apenas ou se adicionando fubá - eles ficam mais engordurados porque a farinha de milho absorve mais gordura na fritura. Pessoalmente, prefiro a versão apenas com a farinha de trigo. Vale lembrar que o uso do processador é completamente dispensável - eu mesma faço à mão -, mas ele pode, sim, ser feito na batedeira desde que ela possua as hastes usadas para bater a massa de pão. Qto a espuma no óleo, pelo menos no caso dos feitos com fubá, isso ocorre, exatamente, pelo uso do mesmo e não pelo fato de o óleo estar sujo - não sei qual a explicação para esse fenômeno.
Ei, Marcia! Tudo bem? Muito obrigada pela participação e pelos esclarecimentos! Nunca tentei fazer o bolinho à mão, mas vou experimentar da próxima vez. Esteja sempre à vontade para comentar, tá? Abraços!
Sou mineira, jornalista e trabalho há 27 anos em TV, mas gastronomia sempre foi minha grande paixão! Desde 2011, quando me formei pelo Senac Minas, passei a cozinhar a maioria dos produtos que como. Criei esse blog para mostrar ao mundo que comer bem é barato, fácil, divertido e necessário! Espero transformar você em um curioso pesquisador de aromas e sabores. Seja bem-vindo à minha Vida de Cozinheiro e sinta-se em casa!
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Mari, como sempre sua pastagem faz a gente viver a emoção do momento legal demais , já compartilhei.
ResponderExcluirMuito obrigada pelo carinho, amiga! Beijo grande!!!
ExcluirNo interior de Minas Gerais ou São Paulo, isso recebe o nome de cochado - torcido, em português caipira, roceiro. Pode ser feito com farinha de trigo apenas ou se adicionando fubá - eles ficam mais engordurados porque a farinha de milho absorve mais gordura na fritura. Pessoalmente, prefiro a versão apenas com a farinha de trigo. Vale lembrar que o uso do processador é completamente dispensável - eu mesma faço à mão -, mas ele pode, sim, ser feito na batedeira desde que ela possua as hastes usadas para bater a massa de pão. Qto a espuma no óleo, pelo menos no caso dos feitos com fubá, isso ocorre, exatamente, pelo uso do mesmo e não pelo fato de o óleo estar sujo - não sei qual a explicação para esse fenômeno.
ResponderExcluirEi, Marcia! Tudo bem? Muito obrigada pela participação e pelos esclarecimentos! Nunca tentei fazer o bolinho à mão, mas vou experimentar da próxima vez. Esteja sempre à vontade para comentar, tá? Abraços!
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