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8 de mar. de 2016

A Mulher Cervejeira da Brücke!

A Mulher Cervejeira da Brücke!


Há quem diga que hoje, 8 de março, é dia de comemorar. Outros, afirmam, com veemência, que a data é de protesto. Eu, como diria meu marido, não vou entrar nesse imbróglio. Mas também não vou deixar o dia passar em brancas nuvens.

Por isso resolvi tocar num assunto que, há tempos, tenho vontade de deixar registrado neste blog: o orgulho que tenho da minha irmã cervejeira! Tá, sei que você já deve estar pensando: quanto machismo... Orgulho só pelo fato dela ser mulher e cervejeira?

Sim, isso mesmo! Sabe por que, caro cozinheiro? Porque, infelizmente, esse título ainda é visto por muitos como "coisa de homem". Pode parecer ridículo falar isso em pleno século XXI, mas ainda é uma verdade.

Claro, com o tempo isso vai mudar, como aconteceu com o homem que cozinha. Quando eu era pequena minhas amigas viam meu pai como um E.T. só porque era ele que fazia os melhores rangos lá em casa.

Lá em casa o fogão sempre foi do papai, o grande Sérgio Adaid!
Homem fazer comida? E boa? Como assim? Há 30 anos era algo impensável entre os "pobres mortais". Mas hoje, muitos dos grandes Chefs, detentores das cobiçadas Estrelas Michelin, são homens e ninguém se assunta quando vê um macho vestindo um avental.

Ser cozinheiro é normal para a minha irmã Sofia, de 9 anos, que nasceu ontem. Para a minha avó, a querida dona Neném, de 98 anos, chega a ser um absurdo. E pra mim, bem como para todos da minha geração, é um avanço. E, como diz o poeta, assim caminha a humanidade!

Na Brücke a Fabiana é a responsável por controlar todo o processo de fabricação da cerveja.
Mesmo porque, esses rótulos não fazem sentido. Considerar uma mulher cervejeira menos qualificada pelo simples fato de ser mulher (e no caso da Fabiana Bontempo, uma bela mulher) é ignorância. Porque sim, mulheres bonitas e vaidosas também podem ser inteligentes. E beber cerveja. E entender do riscado!

Em BH, a capital dos bares, mulher dando um banho em homem quando o assunto é cerveja é moda há um bom tempo. Existe até confraria feminina da bebida! A primeira do gênero no Brasil é a Confece, criada por dez mineiras. O grupo, formado no dia 8 de março de 2007, se reúne todo mês para degustar, fabricar e estudar os diversos tipos de cerveja.

O assunto é tão sério que tem até estatuto para direcionar os encontros, nos quais o papo gira em torno da importância da mulher na história da cerveja. A mulherada tem até padroeira! A monja beneditina alemã Hildelgard von Bingen, primeira a registrar a adição de lúpulo à produção da cerveja ainda no século XII, é quem protege as reuniões da turma.

Mulherada da Confece! Foto: Soubh.com.br
Elas foram as primeiras e não são mais as únicas. A Confece abriu as portas desse mercado e as mulheres entraram com tudo. E de salto alto! Minha irmã mesmo, a Fabiana Bontempo, cervejeira da Brücke, participa da Cheers, a Confraria Feminina de Cervejas Especiais. A Fabi também é membro da Pink Boots Society, uma organização restrita à mulheres que vivem da renda da produção de cerveja.

Cervejeiras e empresárias! Reunião das integrantes mineiras da Pink Boots Society.
O que também é um orgulho, não só para estas integrantes da Pink Boots Society, que já agrega mais de duas mil mulheres em todo o mundo. Porque ganhar dinheiro com cerveja artesanal no Brasil é um feito realmente extraordinário!

Primeiro porque os insumos são caríssimos: todos importados, vinculados à cotação do dólar. E depois porque os impostos pagos ao governo são absurdamente altos se comparados ao tamanho da produção de uma cervejaria artesanal.

Mulheres cervejeiras de BH! Foto: Revista Exclusive / divulgação
Mas, graças a Deus, e aos esforços dessa galera que prima por qualidade, a trajetória da cerveja artesanal nas Gerais está dando o que falar! Só em Minas, de acordo com informações extraoficiais (infelizmente não consegui nenhum dado relevante no site da Associação dos Cervejeiros Artesanais de Minas Gerais - Acerva Mineira), atualmente já são quase 30 cervejarias artesanais. Ganhamos até o apelido de Bélgica brasileira.

E esses cervejeiros, em sua maioria, montaram as fábricas no município de Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte. Minha irmã foi um deles e o motivo é simples: a água mineral que brota das montanhas.

Água mineral que faz toda a diferença...
Afinal, em se tratando de microcervejaria, produzir o líquido dos deuses usando água de qualidade superior é fundamental. E o resultado é uma excelente bebida!

A mais nova criação da Fibiana: Brücke Siciliana, uma cerveja de trigo com notas de limão...
Feito que podemos facilmente comprovar em uma visita à Cervejaria Brücke. Inaugurada em 2014 e comandada por Fabiana Bontempo, a homebrewery, que fica em um condomínio da região, produz cerca de 2500 litros/mês.

Fabiana, cervejeira da Brücke e o marido dela, Vinícius Sacchetto.  Foto: @Pedro_Assis91
A mestre cervejeira, que conta com a ajuda do marido, Vinícius Sacchetto, foi "sugada" (no bom sentido) por esse meio cervejeiro por culpa do pai, o Sérgio Adaid.


Isso, sou de uma família de cervejeiros! O meu querido pai fabrica a Cerveja Hagen desde 2008 e sempre contou com a ajuda da Fabi (e da minha) para produzir suas maravilhosas cervejas. Uma paixão que, literalmente, passou de pai para filha, no nosso caso, filhas (eu e a Carol ajudamos nos eventos).

Sérgio Adaid, o cervejeiro da Hagen na Uaiktoberfest 2006, em Nova Lima, Minas Gerais. Ao seu lado suas filhas: Carolina Fontes, Mariana Bontempo (a cozinheira que vos fala) e Fabiana Bontempo, hoje cervejeira da Brücke. 
Apesar de conhecer o processo, eu nunca cozinhei cerveja. Meu negócio mesmo é "panela de gente normal" (rsrs). Mas o respeito e a paixão por cerveja de qualidade está no sangue, não tem como negar!

Cozinhando o malte. Essa panela eu não encaro não!
Aprecio uma boa cerveja artesanal e sei que o alto preço do líquido vale cada gota! Me recuso a fazer como muitos, que bebem a água suja fabricada pelos grandes só pra se refrescar e ficar tonto. Cerveja de verdade não tem nada a ver com essa ideia. 

Pra quem não sabe, a cerveja, em sua origem, era denominada de "pão líquido". E os monges estavam certos, pois uma boa cerveja artesanal alimenta. É combustível perfeito para o corpo e para a alma.

Bebendo uma Hagen com os amigos no Festival Tudo é Jazz 2006, em Nova Lima, Minas Gerais.
Um presente dos deuses que eu tenho o prazer de experimentar no quintal de casa. Sei que você pode estar achando que sou a filha e a irmã "babona". E eu sou mesmo! Principalmente em relação à Fabiana! 

Porque fazer cerveja não é fácil! E, nesse sentido, é mesmo trabalho de homem já que o saco de malte pesa 20 quilos, um barril cheio 50 e cada panela para a brassagem da cerveja comporta 250 litros. Ainda sim, a Fabi está sempre lá, de cara boa. Muitas vezes, sozinha. E dá conta de tudo! Um "tudo" que vai muito além daquela cozinha.

Kit de presente da Brücke: ideia, layout e execução by Fabiana Bontempo!
O trabalho de fazer cerveja, que muitos consideram "farra", compreende a compra dos insumos, das garrafas, a moagem do malte, a esterilização dos vasilhames, a limpeza da fábrica, a brassagem, o acompanhamento da fermentação, o engarrafamento, a confecção dos rótulos, arte das etiquetas, a divulgação na mídia e a venda.

A Cervejaria Brucke participa de várias feiras do ramo na capital mineira. Uma delas é o Projeto Aproxima, no qual a cervejeira marca presença em quase todas as edições! Foto: Projeto Aproxima / Divulgação
Fácil? Fácil mesmo é a minha função: beber as melhores cervejas artesanais do Estado, na companhia das pessoas que mais amo e sem pagar nada por isso!

Saúde!
E se você ainda não sabe a diferença da cerveja artesanal para aquela que você compra em qualquer supermercado, explico: não, não é só o preço!

Vai muuuitooo além das cifras! As cervejas produzidas artesanalmente, em regra, seguem a famosa Lei da Pureza, de 1516. O nome é pomposo mas os preceitos são bem básicos. Seguir esta cartilha significa produzir cerveja livre de aditivos e conservantes artificiais, elaborada apenas com água, malte e lúpulo (as leveduras, que hoje também são usadas no processo, não eram conhecidas na época). 

Visitando a cozinha da Hagen (do meu pai, o cervejeiro Sérgio Adaid): malte de primeira qualidade!
Nada muito difícil, né? A Lei só explicita o que deveria ser regra em todo negócio de alimentação: usar somente matérias primas selecionadas.

E é o que a Cervejaria Brücke faz! Atualmente com três tipos da bebida à venda no mercado mineiro, a cervejeira Fabiana Bontempo é sinônimo de qualidade. Credibilidade que contribui para expandir esse universo cada vez mais feminino!

Foto: Cervejaria Brücke / divulgação
As cervejas produzidas pela Brücke são a Extra Special Bitter, de leve amargor; a aromática e refrescante American Pale Ale e a Siciliana, feita de trigo com casca de limão, o que a torna diferente das cervejas de trigo convencionais.   

           

Dica da Cozinheira: as mulheres (e até mesmo homens) que não apreciam a bebida é porque ainda não tiveram a oportunidade de provar a cerveja certa. Então, não perca tempo e aproveite porque que hoje é dia de brinde! À todas nós, cozinheiras de preparações líquidas ou sólidas, saúde! Sempre!


Foto da Capa: Vitor Schwaner / Experimente.


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