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5 de out. de 2015

Bolo transgênico?

Bolo transgênico?


O post de hoje era pra ser uma receitinha básica de bolo de cenoura. Isso mesmo, era! Tudo porque, quando peguei os ingredientes, vi que não tinha fermento pra bolo em casa e pedi pro maridão ir ao supermercado comprar.

Aí, caro leitor, a conversa mudou de figura porque, para minha surpresa (e orgulho), o Thiago voltou com uma informação que eu sequer conhecia. Ele disse: "amor, comprei o da marca que você pediu, mas ele é transgênico. Aliás, só tinha de duas marcas e os dois são transgênicos".

Pra minha surpresa, o fermento do meu bolo caseiro é transgênico.
Passado o espanto pela revelação, veio a alegria de ver o cuidado do meu marido com a nossa alimentação!

Sensação de dever cumprido! Posso até não mudar o mundo, mas já consegui fazer alguém ler o rótulo dos produtos! Um aluno, que nesse caso, superou o mestre.

Afinal foi ele que me contou que o fermento era transgênico. Confesso, na hora bateu aquela dúvida: faço ou não o bolo?

Já havia picado a cenoura. Por isso resolvi fazer o bolo.
Mas já tinha medido todos os ingredientes, cortado a cenoura, preparado a forma. Aí resolvemos fazer o bolo, mas não encerramos a discussão.

Fomos pesquisar se todo fermento pra bolo era transgênico, se existia algum substituto para o produto e, o mais importante, se de fato, fazia mal para a saúde.

Com relação aos dois primeiros questionamentos foi fácil. Sim, todo fermento para bolo existente no mercado brasileiro é feito com amido de milho transgênico.

Todo fermento é transgênico porque é feito com amido de milho transgênico. Foto: reprodução site Oetker.com.br
Pois é, infelizmente o fermento químico é feito de amido de milho e esse "pozinho mágico" (que eu sempre usei como espessante em minhas receitas) é transgênico.

Por isso, tem o "T" na embalagem do amido de milho e do fermento químico em pó!

Detalhe: a partir de agora, em substituição ao amido de milho, eu só vou usar minha biomassa de banana verde.

Biomassa de banana verde! Um ótimo substituto do amido de milho transgênico!
Mas não, você não precisa desse fermento para fazer o seu bolo. Tem como fazer o próprio fermento em casa.

É só misturar 2 partes de cremor tártaro (suco de uva concentrado encontrado em lojas de confeitaria), 1 parte de bicarbonato de sódio e 1 parte de amido não transgênico (pode ser polvilho doce ou fécula de batata).

Detalhe: se você for misturar e usar na hora não precisa acrescentar o amido. Basta adicionar o cremor tártaro e o bicarbonato de sódio.

Dá para fazer o fermento caseiro só com bicarbonato de sódio.
E mais: de acordo com culinaristas em algumas receitas (eu ainda não fiz o teste) é possível utilizar, somente, o bicarbonato de sódio.

O ideal mesmo é fazer o fermento na hora de bater o bolo e preparar somente o que será usado. As proporções são estas e as medidas (em gramas) de cada ingrediente vai depender da quantidade de fermento especificado na receita, ok?

Para testar se seu fermento caseiro deu certo, antes de adicioná-lo ao bolo, é só colocar um pouquinho da mistura em um pouco de água bem quente. Se formarem bolhas na água é porque deu certo!

Pequenas bolhas são o sinal de que tudo deu certo! Foto: Blog.Kingarthurflour.com
Bem, é isso. Duas questões sanadas! Já para a dúvida que realmente importa (se o fermento transgênico faz mal para a saúde) não conseguimos resposta.

Encontrei vários artigos esclarecedores e que valem a leitura como, por exemplo, uma matéria da Galileu.

Como todos sabem (ou deveriam saber), no dia 28 de abril deste ano (2015), a Câmara dos Deputados aprovou, por 320 votos a 135, o Projeto de Lei 4148/08, de autoria do deputado federal Luis Carlos Heinze, do PP-RS.

Deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), autor do Projeto de Lei 4148/08.
Este Projeto de Lei exclui da Lei de Biossegurança e de seus regulamentos a exigência de conter no rótulo a informação visual que identifica o produto como sendo geneticamente modificado (o tal triângulo amarelo com um T em negrito).

O Projeto de Lei possibilita suprimir, ainda, a informação da espécie doadora do gene que modificou o alimento original.

Na prática, o projeto revoga o Decreto 4.680/03, que já regulamenta o assunto. E, sem dúvida, é um retrocesso!

O Instituto Brasileiro de Defesa que, pra mim, é um dos órgãos mais sérios atuantes na sociedade civil vem realizando campanhas sobre a rotulagem dos transgênicos.

Campanha do Idec para a continuação da rotulagem dos alimentos transgênicos.
Um alerta mais que necessário! Já que, agora, este projeto segue para a votação no Senado. Detalhe: se aprovado pelo Senado e sancionado pelo Presidente da República, o Projeto de Lei da Câmara nº 34 de 2015 vai virar Lei!

Aí não terá mais como brigar: no rótulo dos alimentos que contenham mais de 1% de material geneticamente modificado vai passar a constar apenas, e em letras minúsculas, a frase: "contém transgênicos".

Portanto, caro leitor, participe da discussão! Seja você um cozinheiro ou apenas comensal! O Senado Federal abriu uma consulta pública gratuita no site deles!

Participe da Consulta Pública do Senado! É um direito e um dever de todo cidadão!
Basta você clicar se concorda ou não com a mudança da Lei! Comecemos, então, a exercer, de fato, a nossa cidadania! É possível, através de escolhas conscientes, acabarmos com essa ditadura do alimento!

Aja diferente! Comece a alimentar o seu senso crítico porque é ele que te permite enxergar onde estão os erros. E pare, de uma vez por todas, a se render ao apelo da grande mídia!

Gosta de ver TV? Ótimo! A dica de hoje é o documentário Comida S/A (Food, Inc., 2008). Dirigido por Robert Kenner, o vídeo (antigo, mas não menos atual) mostra, de forma bem incisiva, o quanto estamos longe da comida que ingerimos e de sua procedência.

Um ótimo documentário sobre a procedência do que nós comemos diariamente! Foto: FoodInc/divulgação.
E se você for preparar aquela sessão de cinema, cuidado com a pipoca! O milho que compramos no supermercado também pode ser transgênico.

Aliás, nesse mundo "moderno", apesar do nosso interesse em alimentação saudável, cautela e paciência, principalmente no supermercado, são palavras de ordem!

Não se deixe levar pela embalagem mais bonitinha ou pelo produto da sua infância! Leia os rótulos, pesquise sobre a polêmica dos transgênicos, mude os hábitos alimentares, seja uma pessoa melhor!

Aprenda a ler os símbolos! Comece a entender o que você está comendo!
Afinal, como disse lá no início deste post, eu sou uma cozinheira que nem sabia que fermento pra bolo era transgênico.

Mas a curiosidade me fez ler sobre o assunto, conhecer mais da legislação e me posicionar a respeito de um tema que faz parte da vida de todo cozinheiro! Vivendo e aprendendo, não é mesmo? Bora se informar, então!

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  1. Adorei sua postagem, suuuuper informativa e deliciosa ler!!!!
    Parabéns e sucesso!!

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    Respostas
    1. Muito obrigada, Alessandra! Precisando, conte sempre com a gente! Grande abraço!

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